A tecnologia em saúde está salvando o mundo, e o software está ainda "comendo" muito pouco dela.
O setor de saúde global, avaliado em US$ 9 trilhões, apresenta um paradoxo notável: é simultaneamente um dos mercados que evolui mais rapidamente e um dos mais resistentes a mudanças.
A última década testemunhou avanços históricos na medicina. A pandemia de COVID-19 acelerou inovações, com vacinas de mRNA desenvolvidas em tempo recorde de 12 meses. A telemedicina experimentou um crescimento exponencial, expandindo 38 vezes seu tamanho. Outros marcos incluem a aprovação de psicodélicos pela FDA, a cura da Hepatite C e mais de 20 terapias celulares e gênicas aprovadas. Na área oncológica, houve progressos significativos com medicamentos ligados covalentemente e imunoterapia. Como resultado, 2018 registrou a maior queda anual nas mortes por câncer nos EUA, com uma redução contínua de 1,5% ao ano.
Entretanto, esses avanços têm um custo significativo. Nos Estados Unidos, os pacientes pagam o dobro por consultas médicas, embora as realizem com metade da frequência em comparação a outros países. O esgotamento profissional entre médicos atingiu níveis sem precedentes. Os consumidores destinam 8 centavos de cada dólar à saúde, enquanto o governo gasta outros 24 centavos. Atualmente, 11% da força de trabalho está empregada no setor de saúde.
A tecnologia tem revolucionado diversos aspectos do atendimento médico. O monitoramento de pacientes crônicos, que tradicionalmente exigia processos demorados de diagnóstico, está se transformando com inovações como ressonância magnética 30 vezes mais barata, testes sanguíneos para autismo e monitoramento avançado de câncer de bexiga.
A saúde do consumidor também está evoluindo rapidamente. Os pacientes, cada vez mais informados, buscam alternativas ao modelo tradicional de "medicar tudo". Novas soluções surgem em áreas como infertilidade, monitoramento da gravidez, sensibilidades alimentares, probióticos, depressão e gestão da dor crônica.
No campo terapêutico, destacam-se avanços em vacinas mRNA orais, tratamentos não-viciantes para dor e novas abordagens para doenças autoimunes. A indústria também explora caminhos inovadores para prevenir a morte celular através de vias metabólicas recentemente descobertas.
A infraestrutura de biomanufatura está passando por uma transformação significativa, com projeções indicando a necessidade de multiplicar por dez a capacidade atual nos próximos anos. Investimentos de US$ 100 bilhões foram anunciados para expandir a capacidade de biorreatores. Novas tecnologias, como reatores de fluxo laminar e reatores de ondas acústicas para terapias gênicas, estão revolucionando os métodos de produção.
O setor de saúde enfrenta desafios globais únicos, com variações dramáticas na disponibilidade de medicamentos e padrões de atendimento entre diferentes países. A adaptação a diferentes sistemas de saúde - desde o fragmentado sistema americano até países com sistema único de saúde - continua sendo um desafio crucial.
Apesar dos avanços significativos, ainda existem lacunas importantes no sistema de saúde global. A contínua evolução tecnológica e científica promete trazer inovações ainda mais transformadoras para o futuro do setor.