O Café e a Arte de Envelhecer Bem
Uma nova pesquisa apresentada na reunião anual da Sociedade Americana de Nutrição trouxe revelações intrigantes sobre os potenciais benefícios do café para um envelhecimento saudável. Embora ainda não revisado por pares, o estudo acompanhou mais de 47 mil enfermeiras ao longo de várias décadas, identificando uma correlação significativa entre o consumo regular de café e a longevidade.
Metodologia robusta e definição de “envelhecimento saudável”
Os pesquisadores definiram envelhecimento saudável com critérios bem específicos: mulheres com 70 anos ou mais, que mantiveram boa saúde física e mental, sem comprometimento cognitivo e livres de 11 doenças crônicas – incluindo câncer, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
O destaque do estudo foi o grupo que consumia a maior quantidade de cafeína – o equivalente a cerca de sete xícaras de café por dia. Essas mulheres apresentaram 13% mais chances de envelhecer com saúde, em comparação com aquelas que consumiam menos de uma xícara por dia.
Nem toda cafeína é igual
Apesar dos achados promissores, nem todas as fontes de cafeína demonstraram os mesmos efeitos positivos. Café descafeinado e chá, por exemplo, não apresentaram associação significativa com o envelhecimento saudável – possivelmente devido ao consumo reduzido entre as participantes. Já o consumo de refrigerantes com cafeína foi associado a uma diminuição nas chances de envelhecimento saudável.
Segundo a Dra. Sara Mahdavi, professora adjunta de ciências nutricionais da Universidade de Toronto e líder do estudo, os resultados não devem ser interpretados como uma recomendação para o consumo exagerado de café. A individualidade biológica e os efeitos adversos da cafeína, como insônia e ansiedade, devem ser considerados.
Café e menor risco de morte prematura
Outras pesquisas reforçam a conexão entre café e longevidade. Um estudo recente, com mais de 46 mil adultos americanos, apontou que o consumo de uma a três xícaras por dia está associado a 15% menos risco de morte nos 9 a 11 anos seguintes, em comparação a não consumidores.
No entanto, os benefícios podem ser neutralizados por adições excessivas, como açúcar refinado e gordura saturada. Mais de meia colher de chá de açúcar ou mais de 1g de gordura saturada por xícara já eliminam os efeitos positivos, segundo o estudo.
O que explica o efeito do café?
Os mecanismos pelos quais o café protege a saúde ainda não são totalmente compreendidos. De acordo com a Dra. Marilyn Cornelis, da Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University, estudos com camundongos indicam que a cafeína pode melhorar a memória e proteger células cerebrais. Além disso, tanto o café comum quanto o descafeinado contêm centenas de compostos químicos com potencial para reduzir inflamações e prevenir danos celulares.
Moderação, contexto e alternativas saudáveis
Para quem já aprecia café, os achados são animadores — desde que o consumo seja feito com moderação e sem adições calóricas excessivas. Para quem não gosta da bebida, não há motivo para começar a consumi-la apenas pelos benefícios potenciais, pois os efeitos adversos, como ansiedade, devem ser levados em conta.
O Dr. Aladdin Shadyab, da Universidade da Califórnia em San Diego, ressalta que existem outras formas comprovadas de promover a longevidade, como:
Alimentação equilibrada
Exercício físico regular
Qualidade do sono
Vida social ativa
Conclusão
Este estudo adiciona uma nova peça ao crescente corpo de evidências que aponta o café como um possível aliado na busca por uma vida mais longa e saudável. No entanto, a chave continua sendo a moderação – respeitando os limites do próprio corpo e integrando o café a um estilo de vida saudável e equilibrado.