O que a Apple nos ensina sobre design de produto em saúde
Como o design centrado no humano pode transformar a saúde corporativa em uma experiência acessível, engajadora e verdadeiramente cuidadosa.
Onde o cuidado realmente começa
Há um momento quase invisível que define toda uma jornada de cuidado. Não acontece numa consulta, nem num resultado de exame. Acontece antes: quando alguém, diante de uma plataforma de saúde, decide seguir adiante — ou simplesmente desiste.
Esse instante diz muito sobre como desenhamos nossas soluções. E diz, também, sobre o que ainda precisamos transformar. Porque, na saúde, o design não é um detalhe. É a linguagem que comunica acolhimento — ou indiferença.
No Brasil, essa comunicação tem falhado. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), menos de 20% dos colaboradores utilizam regularmente os canais digitais de bem-estar oferecidos pelas empresas. Não é desinteresse. É ruído. Interfaces pouco intuitivas, linguagem técnica, excesso de etapas. Quando o caminho se torna difícil, o cuidado se perde antes mesmo de começar.
O poder silencioso da simplicidade
A Apple não liderou o mercado global por ser a mais tecnológica. Ela liderou por ser a mais compreensível. Seus produtos, mesmo os mais sofisticados, parecem feitos para todos. E são. Porque foram desenhados a partir de um princípio essencial: a experiência deve ser fluida, intuitiva, emocionalmente coerente.
Não há excessos. Não há fricções. E justamente por isso, há confiança.
É essa filosofia que pode — e deve — inspirar a construção de experiências em saúde. Não no visual, mas na intenção. Quando o design respeita o tempo, a atenção e as emoções das pessoas, ele deixa de ser forma. Torna-se cuidado.
Pesquisas publicadas no Journal of Medical Internet Research reforçam esse impacto: melhorias simples na usabilidade de plataformas digitais podem elevar em até 25% a adesão a programas de saúde. O que está em jogo não é só estética — é desfecho clínico.
Os sistemas que afastam
Boa parte das ferramentas digitais em saúde ainda são pensadas de dentro para fora — nascem da lógica de quem administra o sistema, não de quem precisa de apoio. Isso gera uma desconexão quase automática entre intenção e efeito. O colaborador acessa, mas não entende. Navega, mas não encontra. E, aos poucos, desiste.
Num país de múltiplos contextos, onde realidades digitais e níveis de letramento variam tanto, essa distância se torna ainda mais crítica. Se o design não inclui, ele exclui.
A consequência é clara: menos adesão, mais desperdício, pior percepção de valor. A saúde deixa de ser presença e volta a ser ausência.
Redesenhar para aproximar
Redesenhar o cuidado é, em essência, refinar a escuta. É perguntar menos “como organizamos o sistema” e mais “como essa pessoa vive esse momento”.
Algumas instituições já compreenderam isso. O Instituto do Câncer de São Paulo, por exemplo, redesenhou sua comunicação com base em princípios de design centrado no humano. Resultado: mais comparecimento, mais entendimento, mais vínculo.
Esse modelo de sensibilidade aplicada é cada vez mais urgente no ambiente corporativo. Não basta oferecer acesso — é preciso que o acesso funcione. E que funcione para todos.
Cada botão, cada fluxo, cada frase em uma tela é uma escolha. E escolhas bem feitas economizam tempo, reduzem ansiedade e ajudam pessoas reais a se cuidarem melhor.
A experiência como estratégia de cuidado
Na Axenya, acreditamos que desenhar produtos de saúde é, antes de tudo, desenhar relações. E relações precisam de clareza, ritmo e respeito.
Nossas soluções são criadas com essa premissa: transformar o que poderia ser técnico e árido em algo acessível, funcional e até prazeroso de usar. O Face Scan, por exemplo, permite que uma selfie de 30 segundos ofereça um mapa de risco confiável — com leveza. O Mission Control organiza um universo de dados clínicos em uma interface clara e serena — com propósito.
Nada ali é aleatório. Tudo foi pensado para facilitar, para suavizar, para cuidar. Porque sabemos que, na jornada de saúde, o primeiro gesto de atenção pode estar no silêncio de uma boa experiência digital.
Design, para nós, é o gesto invisível que convida. Que conduz. Que acolhe.