Segundo a Harvard e a McKinsey, a IA pode trazer poupanças de ate 10% em despesas de saude, sem comprometer atendimento
Essas projeções consideram apenas tecnologias existentes e implementáveis nos próximos cinco anos, sem comprometer a qualidade do atendimento.
A inteligência artificial está redefinindo os limites do possível na área da saúde. O ChatGPT, em particular, demonstrou capacidades notáveis, desde a aprovação no exame de licenciamento médico dos EUA até a autoria de artigos científicos e assistência em apelações contra negativas de seguros. No entanto, apesar desses avanços impressionantes, a adoção efetiva dessas ferramentas no setor de saúde permanece surpreendentemente baixa.
Um novo estudo da McKinsey e a Universidad de Harvard revela o potencial transformador da IA no setor: a implementação mais ampla dessas tecnologias poderia resultar em economias entre 5% e 10% nos gastos com saúde, equivalente a US$ 200-360 bilhões anuais. Importante ressaltar que essas projeções consideram apenas tecnologias existentes e implementáveis nos próximos cinco anos, sem comprometer a qualidade do atendimento.
Para os hospitais, os benefícios econômicos viriam principalmente da otimização das operações clínicas, incluindo a gestão mais eficiente de centros cirúrgicos e a detecção precoce de eventos adversos. Os grupos médicos também se beneficiariam, especialmente na gestão de encaminhamentos e continuidade do cuidado.
As seguradoras de saúde encontrariam eficiências significativas na automação de processos, como autorizações prévias e gestão de relacionamento com prestadores, além de melhorias na prevenção de readmissões hospitalares. Em termos quantitativos, as operadoras privadas poderiam economizar entre 7% e 9% de seus custos totais, aproximadamente US$ 80-110 bilhões anualmente. Os grupos médicos veriam reduções de custos entre 3% e 8%, enquanto os hospitais poderiam economizar entre 4% e 11% de seus gastos anuais.
Contudo, o cenário atual apresenta um paradoxo interessante. Apesar do crescente investimento no setor e do potencial demonstrado, a utilização da IA em casos clínicos ainda é inconsistente. Um estudo recente publicado na JAMA destacou a escassez de evidências robustas que comprovem a eficácia da IA na melhoria dos resultados clínicos.
Mesmo assim, há sinais promissores de mudança. A FDA (Food and Drug Administration) tem acelerado a aprovação de ferramentas médicas baseadas em IA, com mais de 520 dispositivos autorizados até novembro. Especialistas preveem que 2023 pode representar um ponto de inflexão na adoção dessas tecnologias, à medida que mais evidências de sua eficácia em situações reais emergem.
O momento atual é crucial para o setor de saúde. A promessa de economia bilionária, combinada com a melhoria na qualidade do atendimento, apresenta um cenário tentador. No entanto, a implementação bem-sucedida dessas tecnologias requerirá um equilíbrio delicado entre inovação e prudência, garantindo que os benefícios da IA sejam maximizados sem comprometer a segurança e qualidade do cuidado ao paciente.