Startups de Tecnologia Estão Cutucando o Dinossauro Que É a Indústria de Seguros
A indústria de seguros está passando por uma revolução tecnológica sem precedentes. No cenário atual, as startups de tecnologia estão transformando um setor que permaneceu praticamente inalterado por décadas. O investimento em tecnologia de seguros alcançou US$ 831,5 milhões, um aumento de quase dez vezes em comparação com 2010.
O mercado de seguros nos Estados Unidos, que teve início no século XVIII, evoluiu para se tornar um dos maiores setores econômicos do mundo. Os prêmios da indústria de seguros totalizam aproximadamente US$ 1 trilhão, representando cerca de 7% do PIB americano, com as seguradoras investindo quase US$ 7 trilhões em ativos.
O aspecto mais intrigante é que todo esse dinheiro ainda é gerado através de milhões de agentes, utilizando processos em papel que permanecem praticamente inalterados há 30 anos. A necessidade de modernização levou empreendedores como o ex-consultor da McKinsey a fundar a PolicyGenius em 2013, com o objetivo de simplificar o processo de contratação de seguros, tornando-o tão acessível quanto fazer declaração de impostos online.
A Lei do Cuidado Acessível (Affordable Care Act) de 2010 foi um catalisador importante para essa transformação. Desde então, 56% das startups de tecnologia em seguros concentraram-se no segmento de saúde, oferecendo novos modelos de corretagem tanto para empregadores quanto para consumidores.
A transformação do setor é impulsionada por várias tendências significativas. Primeiro, está ocorrendo uma mudança fundamental na relação entre empregador e funcionário no que diz respeito aos benefícios. O sistema atual de seguros vinculados ao emprego, estabelecido após a Segunda Guerra Mundial, está se tornando cada vez mais insustentável, com custos de prêmios de saúde crescendo quatro vezes mais rápido que a inflação.
Em segundo lugar, a força de trabalho está mudando rapidamente. O trabalhador médio muda de emprego a cada 4,6 anos, e o número de freelancers e contratados independentes deve crescer de 42 milhões para 65 milhões nos próximos cinco anos. Esses profissionais necessitam de seguros individuais de saúde, vida e invalidez, além de seguros empresariais.
Outro fator crucial é o envelhecimento da força de vendas no setor de seguros. A idade média dos agentes de seguros nos EUA é de 59 anos, e um quarto desses profissionais deve se aposentar até 2018. Isso está criando uma urgência ainda maior para a digitalização do setor, especialmente considerando que a propriedade de seguros de vida está em seu nível mais baixo em 50 anos.
As próprias seguradoras reconhecem essa necessidade de mudança e têm aumentado significativamente seus investimentos em startups de tecnologia, totalizando US$ 1,8 bilhão desde 2010. Grande parte desse investimento tem sido direcionada para tecnologias financeiras, incluindo empréstimos e gestão de patrimônio.
Por fim, existe uma necessidade crítica não atendida no mercado de seguros americano. Uma pesquisa recente do Federal Reserve revelou que 47% das famílias não conseguiriam cobrir uma despesa emergencial de US$ 400. Problemas de saúde e invalidez contribuíram para metade de todas as execuções hipotecárias e mais de 60% dos pedidos de falência pessoal.
Esta transformação digital do setor de seguros não é apenas uma oportunidade de negócio, mas uma necessidade social urgente. As startups que conseguirem resolver esses desafios fundamentais, tornando os seguros mais acessíveis e eficientes para o consumidor médio, terão um impacto significativo tanto no mercado quanto na sociedade como um todo.