Startups de Tecnologia Estão Cutucando o Dinossauro Que É a Indústria de Seguros
A Revolução Tecnológica no Mercado de Seguros
A indústria de seguros passa por uma verdadeira revolução tecnológica. Startups conhecidas como insurtechs estão remodelando um setor que, por décadas, manteve processos pouco digitais e altamente burocráticos.
Somente em 2023, o investimento global em tecnologia voltada ao setor de seguros alcançou cerca de US$ 7 bilhões, segundo dados do relatório Global InsurTech Report da Gallagher Re, demonstrando um crescimento robusto comparado aos valores de 2010, quando o investimento anual girava em torno de US$ 800 milhões.
A Dimensão Econômica do Setor de Seguros
Nos Estados Unidos, o mercado de seguros, iniciado no século XVIII, consolidou-se como um dos maiores setores econômicos do mundo. Dados do Insurance Information Institute revelam que, em 2023, os prêmios de seguros totalizaram mais de US$ 1,4 trilhão, representando cerca de 6,8% do PIB norte-americano. Além disso, as seguradoras gerenciam mais de US$ 9 trilhões em ativos, reforçando o peso econômico do setor.
Entretanto, mesmo com essa magnitude, uma parcela significativa da operação ainda depende de processos manuais. Estima-se que cerca de 70% das vendas de seguros nos EUA envolvam intermediação de agentes ou corretores, muitos dos quais utilizam processos documentais pouco digitalizados.
Insurtechs: Simplificando o Complexo
A necessidade de modernização impulsionou empreendedores a criar soluções digitais. Um exemplo emblemático é a PolicyGenius, fundada em 2013 por um ex-consultor da McKinsey, com o objetivo de tornar a compra de seguros tão simples quanto declarar impostos online.
A digitalização não apenas facilita a experiência do usuário, mas também reduz custos e melhora a eficiência. Segundo a McKinsey, processos automatizados podem reduzir os custos operacionais das seguradoras em até 40%.
O Papel da Saúde no Crescimento das Insurtechs
Um marco importante nessa transformação foi o Affordable Care Act (ACA), nos EUA, sancionado em 2010. Desde então, o segmento de saúde se tornou foco para muitas startups: dados da CB Insights mostram que cerca de 55% das insurtechs lançadas desde 2010 atuam no segmento health insurance, desenvolvendo modelos digitais de corretagem tanto para empresas quanto para consumidores finais.
A tendência não é diferente no Brasil. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta que o mercado de saúde suplementar chegou a 51,5 milhões de beneficiários em 2024, pressionado por custos crescentes. De acordo com o IESS, a variação dos custos médicos-hospitalares (VCMH) no Brasil superou 20% nos últimos quatro anos, alimentando o interesse por soluções tecnológicas que tragam mais eficiência ao sistema.
Mudanças no Vínculo Emprego-Benefício
Outro fator que impulsiona a transformação do setor é a mudança na relação entre empregador e colaborador. O modelo de seguro saúde atrelado ao emprego, predominante desde a Segunda Guerra Mundial, enfrenta pressão por custos insustentáveis. Nos EUA, os prêmios médios de planos de saúde cresceram 4,7 vezes acima da inflação entre 2000 e 2023, segundo o Kaiser Family Foundation.
No Brasil, o cenário é semelhante. A ANS registrou que, em 2023, o custo médio anual por beneficiário de planos coletivos empresariais superou R$ 5.500, crescimento que impacta diretamente a sustentabilidade financeira das empresas.
A Nova Força de Trabalho e o Seguro Individual
A força de trabalho está igualmente em transformação. O trabalhador médio nos EUA troca de emprego a cada 4,1 anos, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics, enquanto o número de freelancers deve ultrapassar 65 milhões até 2030. Essa população busca soluções de seguros individuais de saúde, vida e invalidez, além de produtos para pequenos negócios.
No Brasil, o trabalho intermitente e o aumento do número de microempreendedores individuais (MEIs) geram demanda crescente por produtos de seguro individualizados, criando espaço para as insurtechs expandirem seus serviços.
O Envelhecimento dos Corretores de Seguros
Outro desafio para a indústria é o envelhecimento de sua força de vendas. Nos EUA, a média de idade dos agentes de seguros ultrapassa 58 anos, conforme estudo do U.S. Census Bureau. Até 2028, quase 25% desses profissionais devem se aposentar, elevando a urgência pela digitalização de processos.
No Brasil, a Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) alerta que apenas 16% dos corretores têm menos de 35 anos, evidenciando uma lacuna geracional que poderá abrir espaço ainda maior para plataformas digitais de distribuição de seguros.
Investimento das Seguradoras em Inovação
Mesmo as grandes seguradoras têm percebido a necessidade de inovação. Desde 2010, elas investiram mais de US$ 19 bilhões globalmente em startups tecnológicas (Gallagher Re), buscando soluções em áreas como gestão de riscos, saúde digital, empréstimos e gestão patrimonial.
No Brasil, companhias como Bradesco Saúde, SulAmérica e Amil estão ampliando seus investimentos em tecnologia, inclusive com iniciativas de plataformas digitais integradas que oferecem serviços de saúde preventiva e gestão de sinistralidade.
Vulnerabilidade Financeira e Necessidade Social
Apesar do tamanho do mercado, há uma grande vulnerabilidade financeira entre consumidores. Pesquisa do Federal Reserve indica que 47% das famílias americanas não conseguiriam cobrir uma despesa emergencial de US$ 400. Problemas de saúde e incapacidade são responsáveis por quase 66% das falências pessoais nos EUA.
No Brasil, estudo do IESS aponta que quase 30% dos usuários de planos de saúde recorrem a empréstimos para pagar despesas médicas fora da cobertura. Isso mostra que, além de oportunidade de mercado, a inovação no setor de seguros representa uma necessidade social urgente.
O Futuro: Digitalização e Cuidado Personalizado
A transformação digital no setor de seguros não é apenas tendência, mas uma evolução necessária. As startups que conseguirem resolver os principais desafios do setor, oferecendo seguros mais simples, acessíveis e digitais, terão não só uma fatia de mercado relevante, mas também um papel fundamental na construção de sistemas de saúde e proteção financeira mais inclusivos.
A Axenya, por exemplo, integra tecnologia de ponta com saúde preditiva, criando soluções personalizadas que reduzem custos e ampliam o acesso a cuidados de alta qualidade. Esse é o futuro do mercado: menos burocracia, mais inteligência de dados e foco no indivíduo.