Um pé em cada barco
O desconforto que você sente agora pode ser o preço da liberdade que você ainda não teve coragem de pagar.
Quantas vezes a gente tenta manter tudo como está, mesmo sabendo que o novo já chamou pelo nome?
A cena é clara: você ali, em cima da areia, os pés firmes… um pé em cada barco. Ali na areia até parece possível que isso dê certo. Mas os barcos se movem. Porque a vida se move. E ela cobra.
Não dá pra crescer e continuar agradando todo mundo.
Não dá pra ser inteiro tentando caber nos moldes dos outros.
Não dá pra viver o novo sustentando vínculos velhos, frágeis, dependentes.
A sua vontade de ser mais não precisa ser uma afronta a ninguém. Mas se alguém se ofende com o seu voo, talvez o problema nunca tenha sido o seu chão.
Outro dia ouvi de um pessoa:
“Quero prosperar, mas não quero que meu marido se sinta abandonado.”
Mas e você? Não tem se sentido abandonada por si mesma?
É sutil, mas é fundo: enquanto você adia suas decisões pra não incomodar o outro, você se abandona todos os dias, em silêncio.
E aí a conta vem. Não como castigo — mas como consequência.
E com formas diferentes: culpa, frustração, paralisia.
Tem coisa que não dá pra ter junto.
Não dá pra manter o afeto da infância e viver o amor maduro. Não dá pra dizer sim pra todo mundo e esperar ser respeitado. Não dá pra alimentar expectativas alheias e ao mesmo tempo nutrir seus próprios sonhos.
É um sim e um não. É se posicionar. É sustentar a escolha.
E isso exige postura.
A vida não entrega o que você deseja. Ela responde ao que você sustenta com verdade.
Então talvez hoje não seja sobre pensar mais. É sobre parar de hesitar.
Você já sabe qual é o seu barco. Agora é sobre ter coragem de pular com os dois pés.
Qual história você precisa deixar de sustentar para enfim seguir leve?
Escreve. Pra você. Ou só sente. Mas não deixa pra depois.