Uncommon Sense: o legado de Charlie Munger e o futuro da Axenya
A frase mais perigosa nos negócios, e na vida, é simples: “isso é apenas senso comum”.
Ela soa prudente, quase sábia. Mas, muitas vezes, é a forma polida de dizer “não vou pensar mais profundamente sobre isso”.
Charlie Munger passou quase um século fazendo exatamente o oposto.
Quando ouvia que “o velho Joe tem muito senso comum”, ele enxergava algo mais preciso: Joe não tem algo comum, tem um raro tipo de clareza organizada, construída com disciplina, modelos mentais e humildade radical. Esse “senso incomum” é o que separa a vida vivida no piloto automático de uma trajetória consciente, composta, extraordinária. É o que transforma um investidor em lenda, e um sistema falido em algo que finalmente começa a funcionar.
É esse espírito que precisa guiar a transformação da saúde. É esse espírito que está por trás da Axenya: Uncommon Sense.
O verdadeiro trabalho de pensar
Em um mundo que idolatra o “insight de 30 segundos”, Munger defendia o trabalho paciente de décadas. Ele dizia, na prática: não basta acumular fatos, é preciso organizá‑los em um arcabouço sólido de ideias fundamentais. Em vez de decorar respostas, construiu uma “latticework” de modelos mentais, puxando da psicologia, da economia, da matemática, da biologia, da história, da engenharia.
A imagem é poderosa: não é um conjunto de gavetas isoladas, mas uma estrutura interligada, onde cada novo conhecimento encontra seu lugar e se conecta a algo maior.
Enquanto muitos se tornam “o homem do martelo”, que vê tudo como um prego, Munger se tornou o generalista disciplinado. Diante de um problema, a pergunta era: qual é o modelo certo para explicar isso? Qual lente revela o que os outros não estão enxergando?
Essa é a essência do senso incomum: recusar o conforto da resposta óbvia, desmontar o lugar‑comum, integrar perspectivas que quase ninguém tem paciência de combinar. É escolher o caminho intelectual mais difícil, justamente porque é o único que leva a respostas mais verdadeiras.
Inversão: a coragem de começar pelo erro
Munger tinha uma ferramenta favorita, e é difícil imaginar algo mais simples e mais profundo: inverter o problema.
Em vez de perguntar “o que eu preciso fazer para ter sucesso?”, perguntava “o que, com certeza, me levaria ao fracasso?” e dedicava energia a afastar esses riscos.
Em vez de procurar a fórmula da genialidade, ele escolheu um caminho quase humilde: reduzir, ano após ano, o espaço para a estupidez. É daí que nascem frases ligeiramente cínicas e profundamente otimistas, como “diga‑me onde vou morrer, para que eu nunca vá lá”. Por trás do humor, há um convite: olhar sem filtros para os próprios pontos cegos e escolher, conscientemente, não viver refém deles.
Para o investidor, isso significa não operar o que não entende, não se endividar de forma insana, não cair na sedução das modas de curto prazo.
Para a saúde, esse raciocínio soa ainda mais urgente: se já sabemos de onde vêm as grandes catástrofes clínicas, por que aceitamos um sistema desenhado para nos empurrar repetidamente na direção delas?
Senso incomum é ter a coragem de fazer essa pergunta e não desviar o olhar.
Como essa mentalidade criou valor de verdade
A história da parceria entre Munger e Warren Buffett é um lembrete de que pensamento claro não é exercício acadêmico; é força transformadora. Buffett começou como discípulo clássico de Benjamin Graham, comprando empresas muito baratas e medíocres, vendendo quando voltavam ao “normal”. Era inteligente, funcionava, mas tinha um limite.
Munger ajudou Buffett a enxergar algo contraintuitivo: é melhor pagar um preço justo por um negócio extraordinário do que um super desconto em um negócio ruim.
Em vez de chafurdar eternamente em sucatas, passaram a procurar empresas com marca forte, cultura sólida, poder de precificação, lealdade real de clientes e, principalmente, capacidade de ficar melhor com o tempo.
See’s Candies virou símbolo desse salto mental. Nos números, parecia cara demais. No olhar de senso incomum, era um ativo raro: uma marca que vivia em memórias afetivas, que podia aumentar preço sem perder amor. Décadas depois, o que parecia exagero se revelou obviedade: o valor real estava no intangível que ninguém quis medir.
O que Munger fez foi simples de descrever e difícil de imitar: ele enxergou além da planilha. Viu incentivo, viu comportamento humano, viu tempo. E, ao fazer isso repetidamente, mostrou que pensar melhor é, em si, uma vantagem competitiva gigantesca.
O senso comum que está esgotando a saúde
E a saúde? Hoje, ela vive presa a um “senso comum” tão arraigado quanto disfuncional.
O senso comum diz que dado clínico é propriedade de quem o guarda. Ele deve ser trancado em sistemas fechados, em silos incompatíveis, usado como estratégia para “reter” pacientes e prestadores. Se o paciente quer levar seu histórico para outro lugar, encara muros invisíveis e labirintos burocráticos.
Sob a ótica de Munger, isso é um erro de modelo mental que beira o absurdo.
Se informação é o insumo essencial para decisões melhores, diagnósticos mais precisos e prevenção eficaz, tratá‑la como refém é alinhar os incentivos contra o próprio paciente. É como se o investidor tivesse todo o risco, mas fosse o último a ver os números.
O modelo de negócio dominante repete o equívoco. Monetiza o “sick care”: espera a crise, reage, fatura pelo conserto. Toda a arquitetura de pagamento e de indicadores foi desenhada para recompensar volume de procedimentos, não ausência de eventos. E, como Munger lembrava, todo sistema é perfeito para produzir exatamente o resultado para o qual foi desenhado. O nosso, infelizmente, foi desenhado para gastar muito, tratar tarde e frustrar quase todo mundo.
Axenya: quando o óbvio ganha voz
É por isso que Axenya não é apenas mais uma “healthtech”. Ela nasce de um diagnóstico incômodo e de uma ambição clara: aplicar o senso incomum a um sistema que se habituou a chamar suas próprias distorções de normalidade.
Quando afirma que o dado pertence ao paciente e cria o LifeVault, Axenya não está apenas lançando um produto, está reposicionando o ponto de partida. Em vez de tratar informação como moeda de cativeiro, trata como direito. Em vez de esconder, entrega. Isso muda a equação: prestadores precisam cooperar, sistemas precisam conversar, o paciente deixa de ser passageiro e passa a ter volante na mão.
Quando desenvolve o Axenya IQ para antecipar e prevenir quedas clínicas, Axenya está fazendo exatamente o que Munger ensinaria: inverter o problema.
A pergunta certa deixa de ser “como faturar mais internações?” e passa a ser “como tornar essa internação desnecessária?”. Essa inversão exige reescrever contratos, modelos de risco, rotinas assistenciais. Exige coragem para alinhar o próprio sucesso à vitalidade do paciente, e não ao declínio dele.
Transparência, interoperabilidade, IA para prevenção, dado na mão do paciente. À primeira vista, pode soar radical. Mas, à luz do pensamento de Munger, isso não é radicalismo, é só atualização de mentalidade. É tirar o sistema da idade da pedra dos incentivos tortos e trazê‑lo para um lugar em que o óbvio, finalmente, ganha voz.
Do pensamento de Munger ao propósito da Axenya
Charlie Munger não deixou apenas um manual para investidores. Deixou um convite para qualquer pessoa, em qualquer setor: pense melhor. Seja mais honesto intelectualmente. Esteja disposto a ser contrariado pelos fatos. Faça o esforço de olhar além da “sabedoria convencional”.
Levar esse convite para a saúde é um ato de coragem. É aceitar se perguntar:
• Onde estamos sendo estruturalmente cegos no desenho do sistema?
• Que incentivos criamos que garantem justamente resultados que dizemos abominar?
• Que crenças antigas já foram desmentidas pela realidade, mas ainda governam decisões diárias?
Axenya nasce para enfrentar essas perguntas sem anestesia. Para aplicar, no concreto, o tipo de senso incomum que Munger transformou em legado. Para tratar dado como vida em potencial, não como tranca comercial. Para colocar prevenção no centro do modelo, não na nota de rodapé do discurso. Para construir, passo a passo, uma infraestrutura em que o que é certo de longo prazo deixe de ser exceção heroica e vire padrão.
No fim, a proposta é simples, mas nada fácil.
É o óbvio, mas não é comum.
É o senso comum que decidiu se organizar, se disciplinar e se elevar até se tornar algo maior.
É isso que Munger chamaria de uncommon sense.
Axenya: Uncommon Sense.

