Episódio de abertura que apresenta o podcast "EmpoweRH", a visão da Axenya para a nova saúde corporativa, e um anúncio estratégico: a empresa acaba de receber um investimento que acelera sua missão. A conversa explora por que investidores globais apostaram na Axenya, os diferenciais do modelo Care-Cure-Insure e o que muda para empresas que querem cuidar melhor — e gastar menos.
Ivan (Apresentador e CRO da Axenya)
Muito bem-vindos ao primeiro episódio do Empowerh, o novo podcast da Axenya, onde a gente vai debater assuntos variados de saúde corporativa, benefícios, recrutamento e vários outros assuntos ligados ao mundo do RH.
Hoje a gente tá aqui com o Mariano, fundador da Axenya, pra esse episódio de lançamento. E junto com o Kris, sócio da Canary e nosso mais novo sócio na Axenya, a gente está aqui hoje também anunciando uma nova rodada de investimento para a empresa e nada melhor do que ouvir das pessoas que estão liderando a empresa e liderando essa nova jornada de crescimento da Axenya.
Para começar, eu queria então pedir, Mariano, Kris, por favor, se apresentem, contem um pouquinho de vocês e a gente começa o papo a partir daí.
Mariano García-Valiño (Convidado e CEO da Axenya)
Eu sou Mariano, tenho uns quatro empreendimentos já junto com a Axenya. Sou engenheiro de profissão, depois estudei nos Estados Unidos um tempo, trabalhei para a McKinsey, alguns fundos de investimento e teve três companhias antes no espaço de saúde, esta é a quarta e provavelmente a mais interessante de todas.
A gente está tentando mudar completamente como funcionará a saúde no mundo, te diria. E, na verdade, é uma aventura muito interessante.
Ivan
Maravilha. Kris?
Kristian (Convidado e Sócio da Canary)
Legal. Muito prazer estar aqui. Feliz de ser um sócio agora oficialmente. Obrigado pela confiança. Eu sou Kristian, eu tenho uma carreira inicialmente no lado de investimentos em public e private, então investindo em empresas de estadas e privadas, na Tarpon e na Pobre Capital. E aí, em 2018, decidi empreender junto com alguns sócios. Comecei a Loft, uma empresa de tecnologia no setor imobiliário, e passei seis anos lá, construindo ela junto com meus sócios, estou pela área financeira.
E no ano passado, me juntei a um dos meus sócios na Loft, que já era sócio no Canary, que é um fundo de investimentos em Venture Capital, empresas de tecnologia aqui na América Latina, com um foco maior no Brasil.
E estou, desde então, agora de volta com o chapéu de investidor, mas, enfim, mantendo viva essa chama empreendedora também e, enfim, animado para tentar ajudar aqui no que eu puder.
Ivan
Maravilha, Kris, obrigado pela confiança também na gente, o desafio aqui é muito grande, tem muita coisa pra fazer, e acho que ninguém melhor do que o Mariano, que é o visionário por trás do que a Axenya tá construindo, pra contar pra gente.
Mariano, qual é o problema, qual é a dor que a Axenya tá buscando resolver?
Mariano
Cara, basicamente o mundo todo tem uma inflação de saúde que é aproximadamente duas vezes e meia mais que a inflação normal. E saúde é hoje, provavelmente, um dos maiores custos das companhias. Na maior parte das companhias, é o segundo maior custo depois da folha.
E se você tem o seu segundo maior custo crescendo duas vezes de meio mais rápido que o seu preço, em algum momento vai estourar. Nós achamos que isso já está acontecendo, já vemos companhias reduzindo o plano de saúde, reduzindo a cobertura que tem de saúde, e as pessoas, essencialmente, não sendo bem cuidadas.
E aqui é um negócio interessante. Porque, na verdade, vão mão a mão a saúde e o baixo custo. Se você mantém as pessoas mais saudáveis, o custo é mais baixo. E é possível fazer isso com a tecnologia que temos hoje. A maior parte das pessoas hoje sofre por doenças crônicas, 85% do custo do mundo vai para doenças crônicas.
E doença crônica, quase por definição, são doenças que vão progredindo devagar e cada tanto tem picos de problemas. Esses picos de problemas são antecipáveis, na maior parte das vezes, dois terços do custo é antecipável. E a gente vai fazendo isso aos poucos. Nós começamos antecipando uma pequena parte de diabetes e hoje já antecipamos uma grande quantidade desses custos. Se você ver os números da Axenya hoje, nossa velocidade de crescimento das apólices é de cerca de 9%.
Entretanto, o mercado cresceu de cerca de 20%. Não resolvemos o problema agora, a inflação é ainda menor que 9%, mas a gente segue no caminho para isso. Então, na verdade, é um problema enorme no mundo, provavelmente vai levar uma das maiores crises da humanidade e nós achamos que temos uma solução que vale a pena escalar.
Ivan
Perfeito. Saúde é uma coisa que é muito emocional para as pessoas. Os momentos que a gente tem um problema de saúde, que a gente vê alguém na nossa família com problema de saúde, Eé sempre muito doloroso, mas a gente também muitas vezes não vê o impacto disso no lado de produtividade da empresa, do custo. No Brasil, normalmente, o custo de saúde acaba ficando com a empresa.
E aí, Kris, olhando pela visão do empreendedor, do investidor, de quem tá apostando nessa tese, no problema que o Mariano comentou, como você enxerga esse mercado que a Axenya tá se colocando e a dor que o Mariano comentou?
Kris
Claro, a gente no Canary, a gente tem um histórico longo de investimento em saúde, em particular, com algumas empresas e algumas delas inclusive atacando esse problema, que acho que talvez seja um dos maiores em saúde, que é justamente uma dinâmica de desalinhamento de incentivos, de talvez falta de conhecimento dos participantes e tudo, que resulta em coisas que poderiam ser evitadas, que é uma forma melhor para todos, com menos custo, com menos sofrimento, menos absenteismo e tudo mais, ainda não são, porque acho que era muito custoso você conseguir ter uma abordagem tão individualizada para as pessoas até recentemente.
Então, esse problema a gente já pensou em como atacar de algumas maneiras e tem um desafio, além da tecnologia, de como identificar, personificar e tudo mais – que a gente pode entrar daqui a pouco –, dos próprios incentivos, onde na prática o pagamento do custo do plano de saúde é tão indireto, o empregador paga, o funcionário e o time usa, o plano de saúde acaba repassando esse custo depois, então também não tem tanto incentivo, então fica uma dinâmica difícil de destravar.
E acho que ao a gente conhecer mais o modelo da Axenya, ficou claro que um dos melhores ângulos para você atacar isso é justamente como uma plataforma holística, mas que se posiciona como uma corretora de saúde inicialmente para estar mais alinhado com não só o beneficiário do plano de saúde, mas a empresa que está sofrendo com esse reajuste há bastante tempo. Então, primeiro chamou a atenção pra essa posição de onde tentar fazer isso. E aí, até antes de entrar mais no modelo, acho que o Mariano foi humilde na apresentação dele.
Acho que a gente ficou muito bem impressionado, não só com a trajetória do próprio Mariano, de muito sucesso em saúde diversas vezes, com a medida que fomos aprofundando aí na companhia, conhecendo você e outras pessoas do time também. Vimos aqui uma gama de talentos muito grande, que é o que precisa para atacar um problema tão grande como vocês estão atacando. Acho que tem um combo de um lugar de onde tentar resolver o problema, que a gente entende ser um bom posicionamento, um time espetacular na nossa avaliação. E acho que um produto, uma forma de fazer esse mundo inteligente que só é potencializado com as tecnologias que agora estão disponíveis.
Então, assim, estamos muito otimistas que o impacto aqui vai ser muito relevante para todos. Como investidores, a gente almeja o crescimento da empresa e tudo mais, mas eu acho que tem como você gerar muito valor para todos os beneficiários, para as empresas parceiras que estão conseguindo ter times mais felizes e com custos mais controlados e previsíveis. Enfim, é por isso que a gente se animou aí com a tese e estamos super felizes de estar aqui agora como sócios.
Ivan
Super legal e acho que vocês dois foram humildes nas apresentações de ambos. Acho que esse problema que a gente vê hoje, esse desalinhamento de incentivo, esse custo, eles falam muito do estado atual. Quando a gente olha, e aí Mariano, quando a gente olha para os diferenciais da Axenya para resolver os problemas que o Kris comentou, como você enxerga a Axene ajudando a levar a gestão de saúde corporativa para um caminho mais sustentável, que melhora a saúde e diminui custo?
Mariano
A tese geral de como se trata a saúde deste século nem sequer é nova. Talvez tenha duas décadas. Estamos falando de base medicine desde o ano 2000, 2002. O ponto é que, até agora, a tecnologia de dados para fazer isso era muito complexa. Você tinha demasiadas fontes de dados, era muito difícil colocá-las juntas e muito difícil organizá-las juntas.
Teve companhias no passado, e eu participei de algumas, que a gente juntava dados e colocava médicos atrás de analisar isso. Para fazer isso no tamanho de populações que a gente tem, praticamente não tem médicos suficientes em todo o Brasil.
Hoje, nosso sistema de AI faz umas 95 milhões de avaliações clínicas por mês. Não poderíamos fazer isso cinco anos atrás sem inteligência artificial. É um pouco o que o Kris fala, a lógica de seguimento do paciente e de intervenção temprana (preventiva) é conhecida. O que não é simples de fazer é fazer isso com a tecnologia que a gente não tem até agora. A quantidade de dados que a gente pode analisar agora, que pode recolher de forma remota e barata, em provações grandes e a forma de interpretar esses dados como modelos de diferentes tipos, mas muitos baseados na inteligência artificial. Isso é algo realmente novo.
Ivan
E quando você fala, Mariano, de coleta de dados remoto, dá um exemplo pra gente do que você quer dizer com isso.
Mariano
Cara, nesse negócio não tem uma forma de recolher dados. A gente vai, ao longo do tempo, avançando com mais e mais formas de recolher dados, desde a coisa mais simples, que é fazer uma pergunta certa, à pessoa certa, no momento certo, até a gente tem, você sabe, o Kristian também viu, o Face Scan, que tira fotos do teu rosto, analisa a diferença de colores em pixels, e calcula problemas de hipertensão, problemas de colesterol, etc.
E a gente pode conectar com wearables, pode conectar com sensores ambientais, pode fazer, conectar-se com a própria saúde laboral da companhia, pegar dados de lá, pode conectar-se com laboratórios e pegar dados de laboratório.
Obviamente, tudo isso depende de a gente construir uma base de dados que seja consistente e que a gente possa interoperar de maneira eficiente e, claro, com respeito à privacidade do paciente.
Tudo isso depende de que o paciente confie em nós e esteja disposto a compartilhar os dados conosco, senão isso não começa a funcionar. E acho que a gente vai ver no futuro coisas muito mais interessantes.
A gente vê biologia molecular, por exemplo, vindo ainda a um preço que não dá para fazer um deployment geral em uma população, mas a gente pode, com um pouco de sangue, talvez construir assets que têm 200 biomarcas diferentes e poder detectar muito antes coisas que hoje são realmente graves, seja cânceres ou problemas metabólicos, inclusive alguns problemas genéticos também são detectados por biomarcadores.
O futuro vai ser muito interessante em termos da quantidade de dados que a gente pode conseguir. Eu acho que o desafio ainda é construir uma plataforma que integre noo lugar correto da cadeia de valor e consiga a confiança de todos os participantes do sistema para poder ter dados interoperáveis.
Ivan
E esse é um ponto que eu acho que, Kris, você comentou por onde a Axenya se posiciona na cadeia, mas você trouxe esse ponto da confidencialidade dos dados, né Mariano? Por que você acha que a Acsênia está conseguindo um NPS tão alto quanto está conseguindo, 96 pontos, e de onde você acha que vem a confiança que as pessoas têm na Axenya de compartilhar dados de saúde, que normalmente são coisas muito guardadas, né?
Mariano
É uma confluência de coisas. A primeira coisa é estrutural. A gente não é parte do seu empregador, não é parte do seu plano de saúde. Então não somos um terceiro aqui, estamos conectados com ambos, mas a gente pode ser como um clean team para o paciente. O paciente pode confiar só em nós. E nós não fazemos, e não podemos fazer, compartilhar esses dados com a companhia ou com o plano de saúde.
Então, a pessoa tem mais confiança de que não vai ter problemas por conta disso, ou simplesmente porque não quer comentar com o seu empregador, que tem um problema de saúde mental ou o que for. Ainda tem muito preconceito com esse tipo de coisa, as pessoas preferem não saber.
Então, uma parte está no posicionamento. E outra parte está em que a gente utiliza tecnologia e também utiliza seres humanos na cadeia. Então nós temos um grupo de enfermeiras que estabelecem uma conexão humana com os pacientes mais graves. Obviamente não se pode fazer com 100% da população, mas com os pacientes mais graves.
De mais cuidado a gente estabelece uma relação humana, que ainda é uma diferença importante. Talvez isso não seja assim em duas décadas, quando todos nós estamos mais acostumados a trabalhar com AI, mas hoje ainda essa parte é muito importante.
Ivan
Perfeito. E nisso, a gente tá aqui num momento, acho que, de lançamento desse podcast e de celebração de uma nova etapa da Axenya. E acho que uma pergunta pra vocês dois. Kris, Mariano, como vocês veem a vida, a nossa a gente sabe que vai mudar, mas como vocês veem a mudança no cliente da Axenya nesse novo momento?
Então, Mariano, talvez pra você uma pergunta mais específica de esse investimento que a gente tá recebendo, como que isso vai mudar o dia-a-dia do colaborador de um cliente nosso? E depois, Kris, onde que você gostaria de ver esse capital sendo alocado para melhorar a cadeia que a gente tá falando?
Mariano
Então, eu acho que, obviamente, a gente investe mais em modelos preditivos e o cliente vai ver melhores soluções. A gente, como te falei, a gente está baixando hoje nossa velocidade de crescimento de uns 20 para uns 9. Ainda temos que reduzir de 9 para 4,5 para que seja sustentável. Então, acho que temos muito para aprender em termos de modelos, etc.
E não é uma linha reta, né? Reduzir de 20 para 9 é muito mais fácil que de 9 para 4,5. Então eu acho que o cliente vai ver soluções melhores. Ao mesmo tempo, o capital e o conhecimento, honestamente, ter um investidor que tocou um unicórnio não é somente dinheiro, é também uma capacidade de a gente crescer a companhia a um tamanho que não só é bom para nossos investidores, obviamente, mas é bom para nossos clientes.
Quanto mais dados a gente tem, melhores soluções a gente tem. Esse é um negócio que você tem que ter modelos bons e quantidades de dados grandes para ter melhores resultados. E isso me parece que vem com investimento e com a ajuda de pessoas como o Kris.
Kris
É claro, assim, eu acho que é um momento de uma validação clara do modelo e do valor do que vocês estão criando, onde leva um tempo. Você começa a trabalhar com o cliente, você começa a avaliar e testar se seus modelos estão funcionando, como você ajusta eles para serem mais assertivos como você engaja e traz o RH como sócio mesmo da implantação disso e do sucesso disso.
E você só vai ver o resultado depois de um ano de você controlar custo, aí você mede se está funcionando, aí você consegue renegociar com os planos de saúde um reajuste mais baixo, mais perto dos 4,5. Então acho que vocês foram super eficientes em conseguir criar um produto extraordinário e demonstrar valor com clientes que se confiaram mais cedo, talvez, de construir isso junto.
E agora eu acho que isso qualifica vocês para terem esse capital adicional e, com isso, Enfim, se antes você estava indo com um motor ligado, agora você consegue ligar uns 4 ou 5 na velocidade que você otimiza toda essa prestação de serviço mais ampla que está sendo feita. A gente está falando do modelo, mas é da enfermeira que ajuda, de como se comunica, como entrega as informações que são pertinentes, não as de saúde, para as empresas e tudo.
Então, acho que o que a gente vê é uma melhoria considerável do produto e esse NPS ainda sendo, acho que aumentando ainda mais a expectativa dos clientes para a gente conseguir entregar. E junto com isso, um crescimento de base de clientes que eu acho que tem um valor muito grande, muito além de só o lado financeiro de você ter mais clientes.
É o que você estava comentando, de ter os seus modelos rodando com muito mais pessoas, aprendendo esse ciclo longo, que a gente comecei falando isso na resposta, vai acelerar bastante, não o timing do ciclo, mas quanto às experiências e testes sendo feitos ao mesmo tempo.
Então, a nossa expectativa é um aumento expressivo da qualidade do produto para o cliente, desde o lado operacional, de como é o dia-a-dia, até o reajuste no final do ano e como que os funcionários vão estar e todos os beneficiários vão estar sendo melhor cuidados por conta disso.
Ivan
Perfeito. E aí, Kris, no nosso processo, a gente normalmente vê o RH como o capitão dessa escolha, né? Benefícios de forma geral, RH que fica à frente. Mas a gente tem visto cada vez mais CFOs, CEOs participando dessa decisão, justamente pelo que o Mariano comentou, é a segunda maior linha de custo da empresa. E você estava nessa função.
Que perguntas você estaria fazendo para o seu RH no momento dessa escolha? O que você gostaria de ver – obviamente, o sonho aqui é a melhor qualidade de cuidado possível para a população, ao menor custo possível. Quais são as perguntas que você acha que o RH precisa começar a fazer sobre o modelo de saúde corporativa, sobre benefícios em geral, para tomar boas decisões?
Kris
O problema, talvez, dessas negociações e contratações é que é opaco assim como funcionam as coisas. No outro lado, no lado de quem está te vendendo uma solução de saúde, é a pessoa especializada em conseguir ganhar aquela negociação, não necessariamente alguém que quer ter uma relação de 5, 10 anos com você.
Então, acho que eu entendo quais são os incentivos de quem está em volta e se essa pessoa está aqui para me ancorar num preço mais baixo inicial, que não vai funcionar, é que eu vou ter uma surpresa negativa daqui a um, dois, três anos da inovação, ou que eu vou ter que restringir acesso dos beneficiários a determinadas coisas.
Dois, o modelo e a forma que eu estou oferecendo esse benefício de saúde, fazendo esse investimento relevante em prol do meu time, está sendo sustentável? Eu vou conseguir fazer a mesma coisa aqui há cinco anos, ou se eu só extrapolo esses reajustes daqui a três, quatro, cinco anos, isso me torna uma conta que eu não vou conseguir pagar, que não cabe no meu negócio e aí eu vou ter que comprometer qualidade para conseguir entregar.
Então acho que entender o alinhamento, entender como funciona essa dinâmica de que na prática, no modelo atual, quem acaba pagando a conta do consumo é a empresa contratante.
O plano de saúde acaba sendo um pouco de um buffer disso e ele aguenta durante o período em que você gasta mais ou menos e reajusta.
Então ter essa abordagem mais estratégica de como que eu dou um bom serviço de saúde, um ótimo serviço de saúde para o meu time, mas de uma maneira onde eu não estou desperdiçando dinheiro, ou um dinheiro mal gasto, e evitando, acho que no caso dos clientes taxianos, em alguns casos, possibilitando que as pessoas peguem umas coisas fundamentais para a vida delas mais cedo, eu acho que é chave.
Então, passa desse conhecimento, e dividindo um pouco da minha experiência na Loft, eu só fui me envolver nas negociações de renovação de saúde, acho que no quarto ou quinto ano. Até então, era uma conta pequena o suficiente, era um time super jovem, com uma sinistradade baixa. E aí, em 2021, de 2021 para 2022, teve um aumento de quase 80%. A primeira pedida era de 120%. A gente fez um mega esforço de economizar custo em outras áreas.
E aí chegou isso e mais do que compensou no engajamento todo o que a gente tinha feito. Foi aí que a gente começou a ter mais atenção. Confesso que eu acho que eu aprendi muito mais e me interei mais das opções disponíveis hoje do que eu sabia a época. Se eu soubesse, talvez teria tentado coisas diferentes mais cedo.
E falando com pares que estão na cadeira financeira de outras empresas, acho que está cada vez mais um tema que torna-se estratégico e não só uma decisão dito só do custo daquele ano ou esse plano pelos próximos 4, 5 anos, como é que eu vou otimizar aqui os benefícios que eu dou para o meu time.
Ivan
Isso impacta no fim do dia, turnover da empresa, impacta a retenção, absenteísmo. E acho que a história que você conta, vocês obviamente têm sorte de estar numa empresa fenomenal que consegue segurar isso, mas tem empresas que talvez não tenham a capacidade ou o budget de tolerar um reajuste desse e acaba diminuindo a qualidade do serviço que o colaborador tem. E isso gera os problemas que a gente estava falando.
Mas você comentou uma coisa que eu queria puxar um gancho aqui e mudar pra você, Mariano. Você comentou que no fim do dia quem paga a conta é a empresa e que o plano ele segura por um tempo. Mas o meu entendimento é que hoje a maioria dos vendedores de plano de saúde são corretoras, mas tem um desalinhamento de interesse quase que intrínseco, que foi como a gente começou o papo hoje, né?
Como você enxerga esse mercado, Mariano? O alinhamento ou desalinhamento entre a pessoa que te vende e o objetivo dele, né?
Mariano
É um mercado que foi criado em 1950. Então, temos que entender o contexto em que foi esse mercado criado, muito diferente do contexto atual. Em 1950, os problemas principais, os problemas de saúde, eram enfermidades agudas. Eram doenças que tem sintomas muito claros, muito evidentes, muito difíceis de prever.
Você podia prever com vacina, sei lá, mas não podia ter ferramentas de controle diário que te permitam, no final do dia, manter a pessoa saudável. Isso foi mudando e, honestamente, se montou o sistema de distribuição de plano de saúde – montado sobre o que eram companhias de seguros tradicionais, todas as companhias de seguros gigantes começaram a vender planos de saúde, a partir desse momento virou uma parte importante do negócio deles, mas eles finalmente estão distribuindo do mesmo jeito que distribuem um seguro de carro ou um seguro de incêndio ou coisas desse tipo, que são seguros que você compra pensando que a maior parte deles nunca vai utilizar.
A realidade é essa. Seguro de saúde, a gente chama de seguro, mas na verdade você está comprando um serviço de saúde pré-pago que algum dia vai usar. O problema é que você não sabe exatamente onde vai usar e quanto vai usar.
Para um sistema que você vendia um commodity, como um seguro de incêndio, seguro de ou quase como aditiva, mas o único importante é a base financeira que sustentava o seguro. O seguro finalmente paga um xis se a coisa acontece. É muito diferente comprar um seguro de saúde, você depende das qualidades, desse tipo de coisa, de quanto você pode prever, etc.
Foi-se criando um sistema de incentivos, provavelmente sem ninguém querer, mas um sistema de incentivos que hoje está alinhado. As corretoras foram criadas para, teoricamente, ajudar as companhias a escolherem produtos de saúde. Teoricamente, servem às companhias, servem ao comprador, mas são pagos pelo vendedor.
E inevitavelmente isso gera um conflito de interesse bastante grande. É bastante claro que se você cobra uma porcentagem do que você vende, você vai querer vender algo mais caro, algo mais barato. Não tem muito sentido em gerar algo mais barato. Eu acho que isso vai mudar. Eu acho que isso não é sustentável e que vai mudar. Nós estamos já mudando isso e nos alinhando ao custo, à redução do custo dos nossos clientes.
Eu acho que até agora não tínhamos ferramentas para fazer isso, agora temos tecnologia, temos dados, a gente pode agir sobre o custo e eu acho que o mundo vai mudando para esse lado.
Ivan
E deixa eu puxar esse gancho, Mariano, porque você comentou duas coisas aqui interessantes. O primeiro é tecnologia, mas o segundo, você consegue dar um pouco mais de clareza desse processo de como a Axenya alinha o interesse dela com o do cliente?
Mariano
Sim, basicamente a gente não cobra um porcentagem do que custa o seguro, a gente oferece diferentes opções, mas em geral vamos cobrar um porcentagem, uma tarifa fixa muito pequena, muito menor que o porcentagem que uma corretora normal cobra, e a gente vai cobrar um success fee se a gente consegue certos resultados clínicos e resultados financeiros.
A gente fica alinhado que o cliente pague menos, não que pague mais.
Ivan
O ponto é que a Axenya é remunerada não quanto mais o cliente gasta, mas quanto menos ele gasta.
Mariano
Exato.
Ivan
Interessante. E você comentou um pouco da tecnologia, né? Onde entra a tecnologia nesse processo? A gente fala normalmente que se a gente pudesse ter um médico seguindo cada pessoa, você deveria ter uma saúde fenomenal dessa pessoa, né?
Mariano
E de fato, pessoas muito ricas tem isso, tem um médico que mora com eles. Se pensa no rer da Inglaterra, tem um grupo de médicos que mora com ele e que todos os dias mede preciosamente todos os parâmetros biológicos dele.
Obviamente isso não é custo-eficiente para a população inteira, mas eu vejo isso de maneira similar às câmeras de trânsito. Você poderia ter segurança perfeita colocando um policial a cada 50 metros. Mas não tem suficientes policias, não tem como pagar isso.
Qualquer uma solução para isso, você pode colocar câmaras de trânsito em cada esquina, que são relativamente baratas, colocar inteligência por trás das câmaras de trânsito, pode colocar AI, pode colocar sistemas de detecção de problemas, e você acaba podendo levantar a bandeira onde a polícia tem que ir e agir. Isto é muito similar.
A gente tem uma quantidade de médicos que são profissionais ultra difíceis de formar e ultra caros de formar. E a gente não está usando tecnologia para dirigir esses médicos aos pacientes certos. De fato, uma das coisas que sempre perguntam com a Axenya é se nós abaixamos os custos e, paradoxalmente, normalmente aumentamos os procedimentos médicos.
O que acontece é que a gente está enviando as pessoas certas ao médico antes do tempo, e os procedimentos que a gente faz são normalmente muito mais baratos do que o que faria depois.
E essa é a parte da lógica, a parte de seguir a pessoa como se fosse uma câmara de trânsito, uma câmara de saúde, e levantar o flag onde o médico tem que ir antes de que se produza uma catástrofe pior.
Kris
É, e acho que só complementando, acho que dois pontos, né, acho que é uma boa analogia para entender como funciona, com a diferença de que a polícia aqui é o próprio paciente, né, não é que, assim, no final você está falando para o paciente e fala, olha, eu acho que seria bom você checar se está tudo bem com x, y, z, né, então é uma polícia que não está lá para fiscalizar, tá lá para indicar e a pessoa vai ou não vai.
Se não for, paciência é um direito dela também não querer se tratar, mas vem de um lugar muito colaborativo. Acho que também a gente já viu no mercado formas de tentar coibir esse ajuste da forma errada, que é restringir o acesso, dificultando, botando mais burocracia e tal, que definitivamente não é a nossa abordagem, mas sim uma de você ser quase que o técnico daquela pessoa e estar falando, olha, acho que é bom você fazer isso, testes etc, que acaba tendo esse resultado da pessoa se tratar melhor, evitar alguma coisa que poderia ser dura.
Ivan
Acho que interessante, seguindo nessa analogia, a gente falou da polícia, que é um dos pontos, mas a gente pode pensar nisso também como um ecossistema. Quando a gente pensa em segurança, em saúde pública aqui, tem a polícia, tem o bombeiro, tem o guarda florestal. Aí uma pergunta, porque uma das dores que a gente nota nesse mundo é a dificuldade de conseguir informação.
A gente teve um trabalho de meses para construir uma base de dados unificada onde a gente junta dado do plano de saúde com dado de monitoramento remoto, com dado de wearables, com dado de face scan.
Só que a solução para cada uma dessas coisas também pode ser um pouco diferente, assim como é o bombeiro, a polícia, o guarda florestal. Uma pergunta para vocês dois, Mariano e Kris, como vocês enxergam a capacidade hoje dessas informações chegarem de uma maneira que é possível tomar uma boa decisão?
A minha sensação falando com RHs, falando com pessoas, é que essas informações são espalhadas, perdidas, e é cada vez mais difícil juntar mais e mais dados para tomar uma boa decisão.
Na analogia aqui, a decisão errada pode ser que você até identifique um problema, mas você está mandando o bombeiro quando você devia estar mandando o policial ou vice-versa, né? Como vocês enxergam isso?
Mariano
Cara, tem esforços da Open Health, assim como foram na Open Finance, e eu acho que, eventualmente, no futuro, vai ser mais simples recolher esses dados. Hoje, a realidade é que a Open Health é muito mais complexa do que a Open Finance, tem muitas mais variáveis.
Eu não me lembro o número, mas algo assim como 60% dos dados do mundo são dados de saúde. Pra você ter uma ideia do tamanho da base de dados que a gente tem que construir. E hoje são extremamente fragmentadas, por boas razões, porque tem questões de privacidade, tem questões de como esses dados pertencem a certa parte da cadeia e são dados estratégicos dessa parte da cadeia.
Enfim, é um esforço considerável fazer isso hoje. Obviamente, hoje é um esforço possível e, de fato, nosso avanço de dados demonstra isso. Há 10 anos, provavelmente, era um esforço impossível. Mas eu acho que estamos melhorando nesse negócio, mas não acho que seja uma melhora muito rápida.
Eu acho que a gente vai passar alguns anos ainda, talvez algumas décadas, para ter informação perfeita de saúde e centralizada.
Kris
É, eu concordo e acho que uma coisa que nos atraiu muito aqui eu acho que foi, enquanto não tem isso de uma forma estruturada e centralizada, como vocês conseguiram criar formas de plugar e trazer essas informações, informações suficientes que possibilitam tomar essas decisões ou recomendações sem onerar tanto as empresas parceiras, sem onerar o RH, ou seja, acho que separando esse desafio que nós temos aqui de ter dados para tomar uma decisão, tomar uma boa decisão, comunicar essa boa decisão e por aí vai.
Eu acho que a inteligência artificial possibilita que todas essas etapas sejam muito mais eficientes do que já foram anteriormente. Onde eu acho que o trabalho manual de tentar fazer cada uma dessas etapas seria muito grande. Então, não acho que a gente pode se dar ao luxo, como qualquer empresa, de esperar esse Open Health chegar.
E o que a gente gostou muito aqui eu acho que é a capacidade que vocês tiveram de serem cativos e puxarem dados o suficiente de uma forma low touch o suficiente para quem está como contraparte que tem um milhão de outras coisas para pensar e fazer.
Ivan
Perfeito. Essa é uma dor que a gente nota, Kris, da dificuldade que os times de RH têm de consolidar todos esses dados, porque muitas vezes os times de RH não tem pessoas de dados, não tem pessoas de engenharia de dados para juntar todos esses dados.
E como as soluções são fragmentadas em vários planos, em vários adicionais, um seguro farmácia, um odonto, o time acaba não tendo o dado que ele precisa para tomar uma boa decisão.
E a gente cada vez fala mais de RHs estratégicos, tem uma frase que é: “você não consegue melhorar o que você não consegue medir”. Então, no mínimo do nosso lado, a gente sempre busca como que a gente tenta melhorar a nossa capacidade de tomar boas decisões e isso passa por dado.
E é importante comentar isso porque hoje em dia a gente vê muita gente falando de AI, de tecnologia, mas o hype da AI que a gente tá vivendo, a gente vê gente colocando AI em todos os lugares. Como é que a gente trabalha, de novo, Mariano e Kris, para que tecnologia seja um facilitador nesse processo e não uma barreira?
Eu vou dar um exemplo do que seria tecnologia como uma barreira. Na hora que você obriga uma pessoa a passar por um processo mal desenvolvido, moroso, tecnológico, mas que não ajuda ela a chegar onde ela quer, ou quando você implementa uma tecnologia só por implementar, ela não está servindo nenhum propósito.
Quando a gente pensa na tecnologia Praxênia, qual é o propósito que vocês enxergam dessa tecnologia servir?
Mariano
Cara, a gente não pensa em tecnologia primeiro. Nós pensamos em paciente primeiro. E a gente pensa em que tecnologia vai fazer a vida desse paciente melhor. Se você parte de... O paciente está no centro e eu estou tentando servir ele e você coloca a tecnologia por trás, eu acho que você tem um mindset certo para fazer isso.
Muitas dessas soluções que você fala, isso na verdade é uma redução do custo de curto prazo. O que estão colocando são barreiras para você não acessar o médico, que é um pouco o que o Kris falava antes. Isso não é uma filosofia que a gente acredita.
Acho que isso para nós, provavelmente você poupa no curto prazo, você gasta muito mais dinheiro no longo prazo. E nós enxergamos parcerias de longo prazo com os pacientes e com as companhias. E creio que isso é o que nos assegura que a tecnologia está no lugar certo.
Ivan
Perfeito. Vê algo similar, Cris?
Kris
Sim, eu acho que, assim, vira um buzzword, né, AI, ainda mais lá no Canary a gente, enfim, tem um pitch por dia, né, de alguém fazendo isso, muita coisa legal. Mas, embora seja algo que está desenvolvendo super rápido, eu acho que o que ele vai conseguir fazer, né, que segue surpreendendo a gente, né, a gente tem os tempos, o que ele consegue fazer aqui é traduzir e organizar muitas informações e sinais e temas que se todos nós ficássemos aqui na sala, dias olhando cada paciente, tentando entender e tal, talvez a gente chegasse perto do que ele faz.
Mas ele tem essa capacidade de fazer isso para a população inteira. Então, eu acho que é muito menos uma tecnologia para falar que tem... É quase uma tecnologia que você nem percebe, idealmente. Você tem uma conversa e por trás tem lá algo que vai estar... Se ele me respondeu essa pergunta, eu vou fazer uma diferente depois. Se o Kristian me respondeu B, a próxima vamos é C.
Então, em tudo isso está simplificando, encurtando e facilitando os processos que já existem, onde talvez para quem está na outro lado seja imperceptível, mas é muito a fundação dessa filosofia, paciente no centro e a tecnologia empoderando, talvez, um cuidado que era inviável com o nível de atenção e personalização que hoje é possível.
Ivan
É muito pertinente o que vocês falam porque é a tecnologia em prol de algo, não a tecnologia pela tecnologia. Esse eu acho que é algo que deveria estar mais na pauta: o cuidado de empresas implementando tecnologia simplesmente por por implementar. E principalmente no mercado em que a gente trabalha isso é perigoso. Porque se você implementa algo sem o devido pensamento, você pode ter risco de segurança, você pode ter risco de vazamento de dados… enfim, tem vários riscos aqui quando você implementa algo correndo que, principalmente no mercado de saúde que a gente vive, é problemático.
O flip side disso é que quando você consegue implementar bem essa tecnologia, resultados vêm, a tecnologia de fato ajuda. O que o Mariano estava contando, 95 milhões de inferências médicas por mês, para o médico fazer um processo de anamnese, entender a pessoa e ter uma visão crítica do que ela precisa, são vários minutos que esse médico precisa.
Então, você sentar nessa mesa e a gente sentasse enchendo de médicos aqui e pegasse os health records...No tempo que a gente estaria digerindo isso, a gente já teria novos casos e novas pessoas. Pelo que vocês falam, a tecnologia vem justamente pra resolver esse processo.
Mas tem uma frase que a Apple fala bastante, e eu acho que vai muito no caminho do que você comentou, né Mariano, que é “a tecnologia é melhor quando ela some e você simplesmente tem a informação que você quer quando você precisa”.
Não a tecnologia por vou usar um agente de AI, vou usar um LLM, mas é a informação que você precisa. E aí Mariano, nessa visão da tecnologia bem implementada e resolvendo um problema claro, qual que é o case que você acha que ilustra isso dentro da Axenya? O que que você enxerga, implementamos, o que que acontece depois?
Mariano
Cara, eu acho que eu falei um pouquinho antes do mesmo case, mas acho que vale a pena repetir. A gente tem companhias de todos os tamanhos na Axenya. Temos uma em particular que tem umas 15 mil vidas.
A gente, entre 2023 e 2024, a gente implementou o sistema de inteligência artificial nessa companhia. Nós abaixamos 22% dos custos de saúde dessa companhia durante esse ano.
E o mais interessante é que a gente baixou isso olhando uma quantidade de pessoas limitada, nós monitoramos aproximadamente 1.700 pessoas, que é 10% do total. Normalmente, 10% do total, se você escolher corretamente, implicam 60 ou 70% dos custos de uma companhia. Então, a capacidade de entender quem são esses 1.700 é muito relevante.
E a gente, desde os 1700, a gente tinha dois grupos. Um grupo que era monitorado, e volto à minha questão de ser humano, um grupo que era monitorado unicamente por inteligência artificial, esse grupo abaixou de custos, mas abaixou 2%. Em um mercado que aumenta 20%, é um número lindo, mas o grupo que era monitorado por enfermeiras e tecnologia baixou 38% o custo.
Esse grupo aumentou, os números que eu falei antes, aumentou a quantidade de procedimentos em 13%. Cada procedimento, porém, abaixou de custo 50% cada um. Então a gente mandou as pessoas mais no médico, ao contrário do que você falava de uma barreira de acesso ao médico, a gente de fato mandou mais ao médico, a esses pacientes.
Mandando a pessoa certa, ao médico no momento certo, você gasta metade, a metade do que gastava antes. E esse é finalmente o segredo, tratar de que as pessoas não cheguem ao ponto em que estão tão doentes que gastam muito dinheiro nelas, mas que fiquem mais saudáveis por mais tempo.
Ivan
Perfeito. Eu tenho uma última pergunta para os dois. Mas se a gente se transporta para o futuro e olha daqui a, sei lá, não sei dizer o tempo, mas 10, 15 anos, quando a Axenya estiver estabilizada, gigante no mercado, vamos imaginar que todas as vidas de saúde no Brasil estão sob gestão da Axenya.
Como vocês imaginam que vai ser esse mundo onde todas as vidas do Brasil e do mundo tão geridas pela Axenya, como seria isso?
Mariano
Cara, eu vou sonhar aqui um pouquinho, mas hoje o mundo gasta em saúde 10 trilhões de dólares, mais ou menos 70% disso é evitável, esses são números da WHO, são números que saem de muitas organizações, e são evitáveis porque a gente poderia tratar essas doenças antes, com um sistema como se fala dentro de vários anos, quando seja perfeito, etc, etc.
Você poderia baixar tranquilamente, poderia pensar que está baixando 5 trilhões. Meu sonho não é que a gente baixe 5 trilhões, mas que a gente cubra a saúde da outra metade da humanidade que hoje não tem saúde. Então, a gente está aqui em um caminho que poderia perfeitamente resolver o problema de saúde do mundo inteiro.
Talvez não só a Axenya, talvez algumas outras empresas que façam coisas similares, mas me parece que é o caminho pelo qual a gente tem que percorrer se não quer, sinceramente, perder a capacidade de manter a nossa população saudável.
Ivan
Vocês dois trouxeram esse ponto de maneiras diferentes, né, Kris? Você comentou um pouco da diferença no processo e você agora com essa visão, Mariano, mas ambas transparecem pra mim é inclusão, no sentido de você conseguir cobrir mais percentual da população.
Obviamente quando a gente pensa numa pessoa que tem um ótimo plano de saúde e pode ir num hospital ou em um laboratório, com facilidade, tira o dia off do trabalho e vai fazer um check-up, essa pessoa muitas vezes ela vai conseguir se cuidar. Mas a pessoa que não tá nesse lugar e que precisa marcar com antecedência e que demora tempo pra conseguir e que talvez o aparelho de mamografia não é perto da casa dela e ela tem uma dificuldade de locomoção, essa pessoa hoje ela tá extremamente mal cuidada e essa ainda tá muito melhor cuidada do que os 50% de pessoas que vocês não falam.
A visão aqui é que se a Axenya for muito bem sucedida, as pessoas que hoje têm cobertura vão ter uma cobertura melhor e pessoas que não têm vão passar a ter cobertura, é isso?
Mariano
Eu acho que as pessoas que têm cobertura vão ter uma saúde melhor, porque a gente vai poder utilizar essa cobertura de uma maneira mais eficiente. E essa poupança, vamos utilizar para que as pessoas que não têm cobertura tenham.
Ivan
Genial. E você, Kris, quando você olha para a Axenya, dez anos de hoje,
Kris
Eu acho que está muito nessa linha. No final, ao você prestar um serviço melhor, fundamental, um dos serviços mais importantes para as pessoas, a um custo muito menor, você possibilita N coisas. Desde pessoas que hoje não têm, ou têm um serviço muito ruim, passarem a ter um serviço bom, como a empresa pode também optar por reinvestir até né, porque ele está economizando, deixando de gastar nesses aumentos, infundáveis de reajustes em outros benefícios, seja para a saúde, seja para o bem-estar da sua população.
Acho que é um sonho muito ambicioso, um teto de onde isso pode chegar muito grande, onde até talvez a métrica de sucesso nesse cenário de 10, 15 anos para frente seja mais um prêmio Nobel de Medicina do que um IPO。 Um vem com o outro, mas acho que esse é o que, se a gente for nesse caminho e pensar um paciente no centro e realmente o time inteiro aqui comprar essa visão e trabalhar nessa direção, acho que é um caminho com muito potencial de impacto em todas as maneiras.
Acho que para o dia a dia de quem já é, quem não é, quem vai ser melhor coberto e para a saúde financeira das empresas e para o espírito dos RHs também.
Ivan
Previsibilidade, né? Uma das dores que a gente enxerga, Kris, é quando você tem uma população maior, você não tem muita previsibilidade de se você vai ter uma pessoa com um problema ou como vai ser o seu custo no ano seguinte.
Inclusive você ter menos stress em relação a isso, mais visibilidade, mais clareza, quais são os pontos de risco que você tem dentro da população, também ajuda o RH tanto a se planejar, quando está fazendo budget e previsões para o futuro, quanto para ter a pessoa em bom estado mental, boa saúde mental.
A gente tem dificuldade quando a gente conversa sobre isso de entender quem é o perdedor nessa história, porque às vezes você olha para um mercado e você fala, bom, para ele ganhar ele tem que perder. No nosso caso a gente vê a empresa como ganhadora economizando e melhorando a saúde das pessoas, o plano ganhador porque tem mais previsibilidade e menos custo, e a Axenya ganhadora viabilizando isso e tendo um impacto positivo no mundo.
Uma última pergunta para vocês. Tem algo que eu não perguntei ou deveria ter perguntado?
Mariano
Acho que as ideias gerais são essas. Vamos ter outros episódios de Empower para falar mais. Acho que isso foi super interessante. Eu acho que a gente fica...Será conta também da qualidade dos investidores quando a barra que ele coloca é o prêmio Nobel, não?
Kris
Dez anos, né?
Mariano
Dez anos.
Ivan
Eu diria que é melhor sonhar grande do que sonhar pequeno.
Mariano
Sem dúvida. Mais do que isso não se pode. Mais do que isso não se pode.
Ivan
A gente tá falando que a gente tá tentando resolver um problema global eleito pela World Health Organization como um dos três maiores problemas do mundo, e o que a gente precisa basicamente é só um prêmio Nobel pra gente conseguir isso. Bom, a gente vai ter bastante trabalho nos próximos anos.
Eu acho que se tudo der muito certo, a gente tem uma chance de ter um prêmio Nobel nos próximos 10 anos. Kris, Mariano, muito, muito obrigado pela participação de vocês. Quem quiser conhecer mais tanto da Canary quanto da Axenya, a gente vai colocar links aqui para vocês terem acesso.
Kris, muito obrigado por participar. Cara, tem sido um prazer. A gente está muito, muito animado com os anos de parceria pela frente.
Mariano, que visão incrível. Acho que é uma empresa que afeta positivamente o mundo e consegue ter um modelo de negócio sustentável.
Para todo mundo que está vendo, a gente vai compartilhando com vocês os próximos passos da Axenya e do podcast. Se vocês tiverem dúvidas ou perguntas que vocês querem ver implementadas aqui e a gente cobrir, fiquem à vontade para compartilhar. E a gente sempre vai fazer o nosso melhor para cobrir todas.
Kris, Mariano, muito obrigado e até a próxima. Kris, adoraríamos ter você e você, Mariano, para uma 2.0 com as perguntas do pessoal.
Mariano
Combinado.
Kris
Combinado. Obrigado, gente.



